Dois Gigantes da América Latina: Pepe Mujica e Divaldo Franco Partem, mas seus Legados Permanecem

Ex-presidente uruguaio e médium brasileiro morrem no mesmo dia, deixando marcas de luta, simplicidade e fé

ESPIRITUALIDADE

5/14/20253 min read

Morre Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, aos 89 anos

Montevidéu, 14 de maio de 2025 – José Alberto "Pepe" Mujica Cordano, ex-presidente do Uruguai e uma das figuras mais emblemáticas da política latino-americana, faleceu nesta terça-feira (13), aos 89 anos. Ele estava em cuidados paliativos desde janeiro, quando decidiu suspender o tratamento contra um câncer no esôfago que se espalhou para o fígado.

Mujica, conhecido por seu estilo de vida humilde e discurso franco, enfrentou a doença com a mesma serenidade que marcou sua trajetória. "É preciso morrer. Pertencemos ao mundo dos vivos, nascemos destinados a morrer", disse em entrevista ao jornal uruguaio Búsqueda no início do ano.

Trajetória política e legado

Mujica foi presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, período em que promoveu reformas progressistas, como a legalização da maconha, a descriminalização do aborto e a aprovação do casamento igualitário. Sua gestão foi marcada por políticas sociais e um discurso anticonsumista, que lhe rendeu o apelido de "presidente mais pobre do mundo" – ele doava 90% do salário para programas de habitação popular.

Antes de chegar à presidência, Mujica foi guerrilheiro do Movimento de Libertação Nacional (Tupamaros), foi preso durante a ditadura uruguaia (1973-1985) e passou mais de uma década encarcerado, incluindo períodos de isolamento. Anos depois, ajudou a fundar o Movimento de Participação Popular (MPP), principal força da coalizão de esquerda Frente Ampla.

Últimos meses e despedida

Em abril de 2024, Mujica anunciou o diagnóstico de câncer no esôfago. Mesmo com tratamentos iniciais, a doença avançou, e ele optou por interromper a terapia, priorizando sua qualidade de vida. Nos últimos meses, recebeu homenagens, incluindo a Ordem do Cruzeiro do Sul, concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu grande amigo.

Sua morte foi confirmada pelo atual presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, que escreveu nas redes sociais: "Sentiremos muita falta de você".

Morre Divaldo Franco, médium e espírita brasileiro, aos 98 anos

Salvador, 14 de maio de 2025 – Divaldo Pereira Franco, um dos maiores expoentes do espiritismo no Brasil, faleceu na noite de terça-feira (13), em Salvador, aos 98 anos. Médium, orador e filantropo, ele fundou a Mansão do Caminho, instituição que atende milhares de pessoas carentes na Bahia.

Nascido em Feira de Santana (BA) em 1927, Divaldo dedicou mais de sete décadas à divulgação da doutrina espírita, psicografando mais de 260 livros – muitos atribuídos ao espírito Joanna de Ângelis – e realizando conferências em mais de 70 países.

A Mansão do Caminho e o legado humanitário

Em 1952, ao lado de Nilson de Souza Pereira, Divaldo criou a Mansão do Caminho, um complexo educacional e assistencial que oferece desde creches até cursos profissionalizantes. A obra, mantida com a venda de seus livros, já atendeu mais de 600 crianças em situação de vulnerabilidade, muitas delas registradas como seus filhos adotivos.

Sua atuação como médium psicógrafo ganhou reconhecimento internacional, com obras traduzidas para 17 idiomas. Divaldo também foi um dos principais difusores da ligação entre espiritismo e psicologia, especialmente através da Série Psicológica ditada por Joanna de Ângelis.

Reconhecimento e últimas homenagens

Divaldo recebeu títulos como Embaixador da Paz (2005) e Doutor Honoris Causa por universidades brasileiras e estrangeiras. Em 2019, sua vida foi retratada no filme "Divaldo – O Mensageiro da Paz".

Até os últimos dias, manteve atividades mesmo com a saúde frágil. Sua morte encerra uma trajetória de dedicação à caridade e ao espiritismo, deixando um legado que transcende o âmbito religioso.

Dois legados, duas vidas marcantes

Enquanto Pepe Mujica será lembrado como um líder político que defendeu a simplicidade e os direitos humanos, Divaldo Franco deixa como herança uma obra filantrópica e espiritual que impactou milhões. Ambos, cada um em seu campo, tornaram-se símbolos de resistência, humanidade e esperança na América Latina.

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